Movimento #OcupaUESC lança nota em repúdio à reitoria

NOTA DE REPÚDIO À REITORA DA UESC

 

15319552_1219727914776364_1485422174_nNós, integrantes do movimento OCUPA UESC, viemos por meio desta repudiar a ação autoritária da reitoria da UESC. No último dia dois de dezembro, durante o período da tarde, o Movimento #Ocupauesc tomou ciência de um pedido de reintegração de posse solicitado pela reitoria da UESC, esta na figura de Adélia Pinheiro. Para nós essa ação é arbitrária e vai na contramão do posicionamento da ABRUEM – Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais, da qual a reitora é vice-presidente. É uma postura no mínimo incoerente com a decisão tomada em reunião ordinária realizada no dia 20 de Outubro na UESC, quando a ABRUEM posicionou-se contrária às medidas de austeridade do governo e favorável às mobilizações.

Nesse sentido, repudiamos a forma como o Movimento de Ocupação vem sendo fortemente criminalizado pela reitoria desta universidade. A administração central pede reintegração de posse para um movimento legítimo e democraticamente construído, caracterizando-o como uma invasão e apontando a Ocupação como “um ato de violência e intolerância que não se coaduna com a legislação posta nem com os ideais de um Estado Democrático de Direito”.

Compreendemos que o alicerce do Estado Democrático de Direito se dá através do livre exercício do direito de manifestação, exercido pelos estudantes organizados em suas instâncias representativas asseguradas por lei que decidiram por meio de Assembleia soberana e legítima pela ocupação da universidade contra os recentes ataques do Governo Federal – a PEC 55, a MP 746.

Não aceitaremos que o movimento seja acusado de causar prejuízos para a comunidade acadêmica, bem como de nos negarmos ao diálogo com a reitoria. Entendemos que o diálogo é construído numa via de mão dupla e não por meio de coações ou tentativas escusas de desocupar a universidade, condicionando a efetivação das pautas internas conquistadas, por esse movimento à desocupação.

Para além disso, ressaltamos que as atividades fim desta universidade não foram suspensas, visto que, por lei, a universidade tem de cumprir o Ensino, a Pesquisa e a Extensão e, de forma alguma essas atividades estão sendo impedidas pelo movimento de ocupação. Vários eventos de extensão e de pesquisa, tais como o Seminário de Iniciação Científica da UESC, bancas e seleções de pós-graduação estão sendo realizados.

A reitoria afirma que a ocupação traz “fragilidade para o patrimônio público” baseando-se no relatório de segurança 353\2016 de teor racista, corroborando com o estereótipo de tratar ocupantes negros enquanto criminosos em potencial. Nosso movimento é construído de forma democrática nos princípios de que todos têm direito à educação, onde repudiamos quaisquer posicionamentos que reforcem a segregação histórica que distancia o povo negro da universidade.

A reintegração de posse é uma clara coerção judicial acompanhada de coerção econômica, uma vez que pede uma multa de milhares de reais, indo na contramão da realidade dos estudantes a fim de intimidar aos membros da ocupação.

Diante do todo exposto, repudiamos veementemente a postura adotada pela reitora da universidade Estadual de Santa Cruz, já que esta conduta vai na contramão dos que lutam por uma educação emancipatória verdadeiramente inclusiva e sócio referenciada.

Ilhéus, 04 de Dezembro 2016.

Plenária estudantil cria movimento de luta na UESC

Plenária discutiu "A universidade que temos e a universidade que queremos". Fotos: Estudantes da UESC em Luta
Plenária discutiu “A universidade que temos e a universidade que queremos”. Fotos: Estudantes da UESC em Luta

Com o tema “a universidade que temos e a universidade que queremos”, a plenária estudantil realizada no dia 26 de abril reuniu dezenas de estudantes de diversos cursos. Eles discutiram os diversos ataques impostos às universidades, que prejudicam a qualidade da educação e as condições de permanência dos estudantes da UESC. Frente a essa realidade e da necessidade da organização estudantil, independente do governo e da reitoria fundaram o movimento “Estudantes da UESC em Luta”.

Existe um cenário de crescente luta dos estudantes da UESC. Desde o início do semestre já ocorreram protestos nas engenharias elétrica e civil, e da enfermagem. Os problemas são muito semelhante: faltam laboratórios e estrutura didática, disciplinas regulares não são ofertadas, ar condicionado, dentre outros que também atingem outros cursos. A categoria também reclama das condições do Restaurante Universitário (RU) e do novo edital de bolsa permanência. O edital se adequa ao Plano de Permanência Estudantil do governo Rui Costa (PT), cujos critérios dificulta ainda mais o acesso a bolsa.

A plenária discutiu todas essas pautas e apontou a necessidade de unificação estudantil para fortalecer essas frentes de luta. Para tanto, foi criado o movimento “Estudantes da UESC em Luta”, e na sexta-feira (27) realizado um primeiro ato por melhorias no RU. Intitulado como “marcha dos famintos” o ato recolheu assinaturas de apoio, que foram entregues à reitoria durante audiência. Em resposta a marcha a administração da UESC se comprometeu em ativar uma terceira ilha de serviço no restaurante e disponibilizar os documentos referentes ao serviço para estudo do movimento.

"Marcha dos Famintos" exigiu melhorias no Restaurante universitário (RU). Fotos: ADUSC e "Estudantes da UESC em Luta"
“Marcha dos Famintos” exigiu melhorias no Restaurante universitário (RU). Fotos: ADUSC e “Estudantes da UESC em Luta”

Segundo a estudante de enfermagem membro do movimento, Samille Soares, o “estudantes da Uesc em Luta” é resultado da unificação de estudantes e coletivos já atuantes na universidade, e que não se sentem representados pelas últimas gestões do DCE. “Estivemos, junto com a ADUSC e outros servidores baianos, no ato realizado na ALBA, para barrar o pacote de RUIndades e propor emendas ao PPE do governo (veja aqui). Fomos duramente reprimidos pela PM, e onde estava o DCE?” questiona.

O movimentos “Estudantes da Uesc em Luta” é autônomo aos partidos e independente de governos e da reitoria. “Fazem parte desse movimento, estudantes independentes, membros de coletivos e entidades nacionais, e também partidos diversos” afirma Carla Candace, estudante de Comunicação Social. Ela também explica que a pluralidade de entidades é uma prova de que o objetivo do movimento não é favorecer um ou outro grupo político: “Entendemos a importância dessas organizações na luta por direito de estudantes e de trabalhadores, e esse é o nosso objetivo”.