Manifestação na orla do Rio mostra má gestão, corrupção e superfaturamento em gastos das Olimpíadas

A orla da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, recebeu na última sexta-feira (5) cerca de dez mil manifestantes que protestavam na Avenida Atlântica juntamente com os turistas e atletas que estavam para os Jogos Olímpicos. A iniciativa no dia da abertura das Olimpíadas 2016 marcou o descontentamento de uma parcela importante dos trabalhadores, de movimentos sociais e da juventude com a má gestão, corrupção e o superfaturamento das obras dos jogos.

A atividade foi preparada em unidade por diversas entidades, organizações e movimentos cariocas, mas ganhou amplitude com a presença de centrais sindicais, entidades nacionais, e partidos de esquerda. O comitê organizador definiu como bandeiras políticas “Fora Temer, nenhum direito a menos e contra a calamidade olímpica”, consignas que unificavam todos os convocantes.

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De acordo com o dirigente da Secretaria Executiva Estadual da CSP-Conlutas Sérgio Ribeiro, o objetivo era dar visibilidade aos ataques promovidos pelos governos do Estado, Francisco Dornelles, e do município, Eduardo Paes, assim como o do governo de Michel Temer. “Queríamos aproveitar a abertura dos jogos para denunciar o projeto de lei 257/16, que retira direitos dos servidores, e da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241/16 que visa cortar gastos com serviços públicos essenciais como saúde e educação e, na prática, essa política já vem sendo aplicada pelos estados e municípios”, aponta o dirigente explicando que o Rio de Janeiro vive uma situação calamitosa. “Estamos vivendo a absoluta destruição das áreas públicas da saúde e educação, com fechamento de hospitais, falta de verbas em universidades e escolas, além do atraso de salários dos servidores e falta de pagamento aos trabalhadores terceirizados”.

Sérgio elenca ainda outros pontos consensuais da manifestação como a luta contra os projetos de reformas da Previdência e Trabalhista.

A esquerda esteve presente com suas bandeiras e faixas defendendo a unidade nas lutas para enfrentar e derrotar tais ataques.

A presença da CSP-Conlutas
A CSP-Conlutas defendeu a unidade daquela sexta-feira no Rio para fortalecer a mobilização dos trabalhadores. “Esta manifestação de hoje precisa ajudar a impulsionar o dia 16 de agosto, convocado como Dia Nacional de Lutas pelas Centrais. Vamos organizar lutas e paralisações, que sirvam para construir uma Greve Geral que derrote efetivamente os planos de Temer, mas derrube também o seu governo”, conclamou Luiz Carlos Prates, o Mancha, da SEN (Secretaria Executiva Nacional) da Central.

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Mancha reforçou que a exigência de Fora Temer pela CSP-Conlutas, diferente da exigência de entidades que estavam ali como CUT e CTB, não reivindicam a volta de Dilma. “Para nós, o governo Dilma começou a aplicar os projetos que hoje são aprofundados por Temer, não queremos a volta da Dilma”.

Também falou pela SEN Paulo Barela. Assim, como Mancha, o dirigente reforçou a política da Central no protesto.

A atividade contou com a presença de diversos integrantes da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, que também estiveram representando suas respectivas entidades. Entre eles, Rita Souza, Joaninha Oliveira, Janaína Oliveira, Mauro Puerro, Amaury Fragoso, José Campos, Avanilson Araújo, Gibran Jordão e David Lobão.

A CSP-Conlutas RJ, uma das organizadoras do ato, participou com as consignas “Olimpíadas sem salário e sem emprego, não vamos dar sossego! Fora Temer, Dornelles, Pezão e todos os corruptos. Que se vão com Paes! Olimpíadas sem salário e sem emprego, não vamos dar sossego!”.

Diversas categorias de trabalhadores que compõem a Central no Rio marcaram presença. Entre eles, bancários, metroviários, metalúrgicos, trabalhadores dos Correios, profissionais da educação do Estado e município, servidores públicos e estudantes.

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A delegação de trabalhadores dos Correios, ligada à Central, extrapolou a base do Rio de Janeiro. Tanto representantes de São Paulo, Santa Catarina e Vale do Paraíba estavam na manifestação. No dia anterior, a categoria havia lançado o Comitê contra a Privatização do Metrô e em Defesa das Estatais, na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), na capital fluminense. Petroleiros também também se manifestaram contra a privatização da Petrobras.

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O caos no Rio
Para o integrante da Oposição Metroviária Elias José, os trabalhadores vêm sofrendo um forte ataque com o PLP 257. “O Rio de Janeiro está avançado dentro deste contexto, porque vive um caos econômico e político, assim os cortes nos serviços públicos, como falta de verbas, de pessoal, de material, provocam o caos na saúde e educação que no último período foi potencializado com o superfaturamento dos gastos com as Olimpíadas”, salienta.

“O governo estadual quebrou o cofre público do Rio”, sentencia Elias, que aponta como um desses reflexos o aumento da violência na cidade, resultando em um alto número de vítimas da juventude negra.

A dirigente do SEPE-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) Samantha Guedes, que representa a região 4 na entidade, área do Complexo do Alemão, Vigário Geral, Manguinhos e adjacências, entende que os cortes na área da educação vêm destruindo e tem o intuito de privatizar o setor. “E quem mais sofre são as crianças e a juventude pobre e negra, marginalizada por esse governo; em muitas escolas nem sequer tem café da manhã, o trabalho está completamente precarizado, sem materiais e sem a valorização do profissional cujos salários estão atrasados”, denuncia indignada.

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A conclusão é de que toda a pompa com que se apresentou o Rio de Janeiro e o Brasil na abertura das Olimpíadas esconde debaixo do tapete e dos tapumes em torno das favelas uma destruição dos serviços públicos, violência, despejos, desemprego e outros males sociais. Essa sim é a calamidade na qual se encontra o Rio de janeiro.

Unidade para lutar
Para o membro da SEN, Amauri Fragoso, a participação da Central foi positiva na luta pelo Fora Temer “apesar das circunstâncias”, disse se referindo ao peso que o “volta Dilma” tomou no protesto com a presença majoritária de entidades governistas que defendiam essa política. Amaury acredita que a presença da Central com suas bandeiras, assim como aconteceu no Rio, deve continuar.

Outro membro da SEN, Mauro Puerro, acrescentou que essa presença unitária deve se dar para impulsionar uma jornada de lutas como a que se inicia no dia 16 de agosto rumo a uma Greve Geral.

A CSP-Conlutas está empenhada em buscar unidade no movimento para fortalecer as lutas dos trabalhadores diante dos inúmeros ataques que estão postos. Entre eles, o PLS 257, a PEC 241, as reformas da Previdência e Trabalhista, as privatizações da Petrobras e Correios, por exemplo, e as políticas de criminalização das lutas e movimentos, assim como a violência como trata as periferias e os que lutam por moradia. Dentro deste contexto, está impulsionando o dia 11 de agosto, dia de luta na educação, no sentido de fortalecer o dia 16, convocado como uma Dia Nacional de Lutas unitário pelas Centrais Sindicais rumo à preparação de uma Greve Geral no país.

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Mas, de acordo com resolução já aprovada em resoluções anteriores, a Central, apesar de ser contra, não entende o impeachment da presidente Dilma, como um golpe, e sim como consequência das alianças promovidas pelo PT com os setores mais à direita da política brasileira e os mais conservadores para governar. Esta ação levou o partido a aplicar verdadeiros ataques aos trabalhadores e governar a serviço dos banqueiros, do agronegócio e de grandes empresas.

(Fotos: Rodrigo Barrenechea e Rodrigo Silva)

 

Fonte: CSP-Conlutas

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