Intimidação do Estado não retira manifestantes contra a Copa das ruas

Mesmo com o acirramento da criminalização e violência contra os manifestantes, se depender da população brasileira haverá protestos contra os gastos da Copa do Mundo de Futebol durante todo o ano e em todo o país. Foi essa a mensagem no último final de semana. Em pelo menos dez importantes capitais houve manifestações, dentre elas São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Manaus (AM). Os manifestantes exigiram mais investimento em saúde, educação, transporte e serviços públicos.

Apesar do caráter pacífico da manifestação de sábado (25), segundo informações divulgadas por diversos veículos de comunicação, a polícia de São Paulo atirou em um estudante de 22 anos do curso de engenharia ambiental da Escola Técnica Estadual (Etec), e prendeu 137 pessoas sob a acusação de vandalismo. Entre os excessos cometidos pela polícia, que encurralou e usou bombas contra um grupo de manifestantes que tentava se proteger num Hotel da Avenida Augusta, no centro da cidade, e levou presa outras centenas pessoas, a cena mais estarrecedora foi a imagem veiculada pela imprensa no domingo (26). Nela, um jovem aparece correndo de três policiais. Esse adolescente – o estudante Fabrício Proteus Mendonça, de 22 anos, foi alvejado com dois tiros, um no peito e outro na genitália, e encontra-se em coma no hospital. Os responsáveis pelo crime devem responder processo.

“Fomos às ruas por saúde digna e tratamento humano; por transporte público, passe livre e sem sufoco; por educação pública, gratuita e de qualidade; moradia para todos. O que significa que também fomos às ruas por salários dignos. Por emprego. Por Reforma Agrária. Pelo respeito às terras indígenas e quilombolas. E também protestamos contra o racismo, o machismo e a homofobia”, diz o membro do Quilombo Raça e Classe, Wilson Silva, que participou da manifestação em São Paulo.

O governador de SP, Geraldo Alckmin, parabenizou a ação da polícia. Segundo informações do site da CSP-Conlutas, a presidente Dilma Rousseff marcou uma reunião com ministros para buscar ações que neutralizem uma possível revolta da população após a truculência policial registrada em SP, a exemplo do que ocorreu nas manifestações de junho.

Para o membro da coordenação da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, é preciso lutar pela liberdade de manifestação e contra a repressão, por isso a central lançou a Campanha contra a Criminalização em conjunto com outras entidades. “Não podemos permitir que casos como o do jovem baleado em São Paulo se repitam”, diz. Ele diz que a onda de repressão contra os movimentos sociais e a criminalização das lutas que tenderá a aumentar com a Lei Antiterror, em tramitação no Congresso Nacional, e com outras deliberações governamentais no sentido de repressão a manifestações que o governo está ponde em prática.

“Vamos à luta contra a criminalização, contra os gastos excessivos com a Copa, vamos exigir mais investimento nos serviços públicos, afinal, o transporte continua um caos e o mesmo segue ocorrendo com a saúde, a educação e a falta moradia, enquanto o governo federal continua refém das exigências da Fifa”, comenta o dirigente.

*Com informações da Folha de S. Paulo e da CSP-Conlutas

Fonte: ANDES-SN

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