Copa do Mundo termina com mais violência contra manifestantes no Rio de Janeiro

O fim da Copa: Dentro do Maracanã, festa alemã; do lado de fora, reprise da violência policial

As prisões arbitrárias e ilegais de diversos ativistas que participam de movimentos de denúncia dos abusos cometidos em nome da realização da Copa do Mundo no Brasil, às vésperas do último jogo do campeonato, com o intuito de esvaziar ou impedir as manifestações antes do encerramento do mundial, não tiveram o resultado desejado.

Neste domingo (13), centenas de pessoas foram às ruas do Rio de Janeiro levando entre suas bandeiras a exigência da libertação imediata dos presos políticos, considerados por alguns movimentos “reféns da Copa”. Duas manifestações aconteceram na cidade-sede da final da Copa, no bairro da Tijuca, e foram violentamente reprimidas pelo aparato policial do Estado brasileiro. O ato “Nossa Copa é na Rua – por uma cidade de direitos”, organizado pelo Comitê Popular da Copa, se concentrou na praça Afonso Pena e partiu em direção à praça Saens Peña, onde se concentrou a manifestação “A Festa nos Estádios não Vale as Lágrimas nas Favelas”, que foi sitiada pela polícia.

Impedidos de caminhar até o Maracanã e isolados por cordões policias, os ativistas foram alvo de bombas de gás, bombas de efeito sonoro e cassetetes enquanto tentavam gritar e cantar contra a polícia e contra a Copa. A cada tentativa de reagrupar e marchar, visando furar o bloqueio policial, choviam bombas e gás. Até mesmo a cavalaria, com policiais armados com espadas foi usada contra os manifestantes.

Ativistas, além de jornalistas e midialivristas foram chutados pela PM, enforcados, espancados e agredidos, como denunciou o coletivo Mídia Ninja: “17h, Rio de Janeiro – O documentarista canadense Jason O’hara teve sua câmera roubada por um policial militar, sofreu muitas agressões nos braços e está ferido na perna. O jornalista Felipe Peçanha, Mídia Ninja, foi cercado por 8 policiais, teve sua lente quebrada e sofreu agressões enquanto transmitia os cuidados médicos ao Jason O’hara. A documentarista Aloyana Lemos, MIC, foi detida enquanto registrava as agressões à manifestantes no ato até então pacífico na praça Saens Peña, Tijuca. Aloyana está sendo encaminhada para a 21º DP. O fotógrafo Bernardo Guerreiro, Mídia Ninja, teve sua lente quebrada e foi agredido com spray de pimenta no olho de curta distância”.

De acordo com o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, ao menos 15 jornalistas forma agredidos pela polícia durante a cobertura das manifestações deste domingo.

Sobre o isolamento imposto pela PM aos manifestantes, a jornalista da EBC, Tâmara Cardoso resumiu a situação em depoimento na sua página na rede social Facebook. “Estou sendo mantida refém pela polícia. Identificada como jornalista, dentro de um carro identificado como um carro de reportagem, não posso sair da praça Saens Pena. Ta bom ou precisa mais?”, relatou a profissional.

E a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência completou, postando uma foto da jornalista Camila Nóbrega, da ONG Ibase: “SOS. É a mensagem que pessoas encurraladas pela polícia nas imediações do Maracanã acabam de escrever no chão da rua Desembargador Isidro, na Tijuca: um pedido de socorro. Após reprimir de forma truculenta a manifestação que ocorria no entorno da Praça Saens Pena, a Polícia Militar fez um cerco em todas as ruas do local, impedindo a circulação. Cerca de mil pessoas estão “presas” nas ruas da Tijuca, cercadas de policiais”.

Segundo diversos relatos, moradores do bairro só conseguiam passar pelo bloqueio apresentarem comprovante de residência e eram acompanhados pelos policiais até suas casas.

Repúdio às prisões arbitrárias
A secretaria regional do ANDES-SN e as Seções Sindicais do Sindicato Nacional no Rio de Janeiro emitiram nota conjunta pela libertação imediata dos 21 presos políticos, detidos neste sábado.  “Medidas autoritárias como esta não podem ser naturalizadas pelo risco que representam para a ruptura democrática de maneira geral e pelo risco à segurança dos cidadãos que foram tolhidos de sua liberdade de maneira particular”, ressalta a nota. Leia aqui a íntegra.

Nesta terça-feira (15), um novo ato pela liberdade para os presos da Copa será realizado em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Com informações da ONG Global Voices e fotos Mídia Ninja

Fonte: ANDES-SN

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