Coordenação Nacional da CSP-Conlutas debate conjuntura e organização da luta

 

As estratégias para a organização da luta em defesa da classe trabalhadora, contra os ataques aos direitos sociais aprofundados pelo governo interino de Michel Temer, foram debatidas no primeiro dia da reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, nesta sexta-feira (27), que conta até o momento com a participação de 179 delegados e observadores, representantes das entidades sindicais, estudantis e populares que integram a Central.

O debate, iniciado no período da manhã com a mesa “Conjuntura Nacional e atividades”, com José Maria de Almeida, pelo Espaço de Unidade de Ação, e Felipe Demier, pela Frente de Esquerda Socialista, teve continuidade no período da tarde com a fala dos presentes. Foi apontada, em quase todas as manifestações, a necessidade de desenvolver ações de mobilização contra as medidas de retirada de direitos, já em curso, e para a construção de uma greve geral dos trabalhadores.

Foi destacado também o avanço das forças conservadoras na sociedade – com a intensificação do machismo, homofobia, racismo -, e o aprofundamento da criminalização dos movimentos sociais e sindicais. Diversas falas repudiaram a violência contra as mulheres, destacando o caso do estupro da adolescente por mais de trinta homens no Rio de Janeiro. Foi ressaltado que o avanço dessa e outras formas de violência se dão num momento em que cresce a luta das mulheres e a denúncia do machismo e do feminicídio.

Para José Maria de Almeida, a crise na qual o Brasil está inserido faz parte de um processo mundial de acirramento dos ataques aos direitos dos trabalhadores. Ele citou como exemplo a reforma trabalhista implementada na França, que levou centenas de milhares de trabalhadores às ruas, em reação contrária à medida do governo de François Hollande. O representante do Espaço de Unidade de Ação destacou a necessidade de se construir um campo alternativo de luta da classe trabalhadora.

“Temos o grande desafio de pensar em como destravar o processo de mobilização. Transformar a revolta em mobilização. Precisamos botar para fora o governo Temer, que vai dar continuidade aos ataques iniciados pelo governo Dilma, para continuar colocando a crise nas costas da classe trabalhadora. Precisamos convocar uma greve geral contra o ajuste fiscal, botar o povo na rua contra essas medidas e para derrotar a reforma da previdência”, ressaltou Almeida.

Felipe Demier, docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Frente de Esquerda Socialista, também afirmou a necessidade de construir uma frente de esquerda socialista e construir uma plataforma de lutas comuns dos setores da esquerda. “Precisamos construir o terceiro campo, em que estejam presentes todos os campos da esquerda que fizeram oposição aos ataques do governo do PT e num processo de luta unificada da classe trabalhadora, num momento adverso, fazer o enfrentamento”, avaliou.

Para Demier, a retirada de Dilma do governo se deu, pois era necessário aplicar de forma ainda mais drástica a plataforma neoliberal, o ajuste fiscal. “Governo Dilma tentou se apresentar como capaz de implementar os ajustes necessários, mas não conseguiu. Na avaliação da burguesia foi considerado incapaz de aplicar as contrarreformas no grau exigido pela burguesia na crise. Na correlação de forças, nós estamos na defensiva. Há resistência, há. Mas não podemos substituir a realidade pelo nosso desejo. Podemos tentar transformá-la, mas não falseá-la para que fosse como gostaríamos”, completou.

Para o presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, há consenso na necessidade de lutar contra o governo interino de Michel Temer, que já começou em crise, sem apoio popular e sob uma série de escândalos que continuam aparecendo. “Temos que lutar contra esse governo interino, que coloca em prática, de forma mais intensa, a política de ajustes, com algumas das medidas já anunciadas no governo Dilma, como a contrarreforma da previdência, o PLP 257, a reforma trabalhista, buscando construir a greve geral e chamando as demais centrais para essa construção. Temos que avançar com consignas que estejam aliadas à luta contra a retirada de direitos da classe trabalhadora”, explicou Rizzo.

Após a mesa de conjuntura, foi realizado um painel com representantes dos trabalhadores, estudantes e movimentos populares em luta, com a exibição de vídeos e relatos das ocupações estudantis e greves da educação em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, ocupações urbanas populares em Minas e São Paulo, a greve mobilização dos docentes das instituições estaduais de ensino superior em diversos estados como Amapá, Piauí, Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Pará e Bahia.

A reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas acontecerá até domingo (29), na capital paulista. Neste sábado será feita a prestação de contas e apresentação do parecer do Conselho Fiscal da Central, além de relatos sobre o II Encontro Nacional de Educação e a comunicação da CSP-Conlutas e reunião dos setoriais. No último dia do encontro, serão apresentados os relatórios setoriais e aprovadas as resoluções e moções da reunião da Coordenação.

Fonte: ANDES-SN

 

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