Impunidade a qualquer custo: governo já articula para barrar segunda denúncia contra Temer na Câmara

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Como se não pesasse contra si uma segunda denúncia com a acusação de ser líder de organização criminosa e por obstrução da Justiça, o presidente Michel Temer (PMDB) participou na manhã desta segunda-feira (18) da cerimônia de posse da nova procuradora geral da República, Raquel Dodge.

 

Sorrisos, cumprimentos e discursos em “defesa da Constituição e da harmonia entre os três Poderes” marcaram a solenidade da nova procuradora. Dodge, escolhida por Temer apesar de ter ficado em segundo lugar na lista tríplice encaminhada pelos procuradores, é tida como adversária do ex-procurador Rodrigo Janot, que teve como último ato, antes de deixar o cargo na semana passada, denunciar Temer pela segunda vez.

 

Na acusação entregue ao STF, na quinta-feira (14), Janot pede que Temer seja julgado pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça (veja a integra da denúncia aqui). A acusação se baseia em uma investigação da Polícia Federal que concluiu que Temer liderava um esquema de recebimento de propina do qual participavam vários ex-deputados peemedebistas. Os valores desviados chegaram a R$ 587 milhões. Os recursos teriam sido desviados de operações com a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, Furnas, o Ministério da Integração Nacional e a Câmara dos Deputados.

 

De acordo com a denúncia, também fazem parte do “quadrilhão do PMDB” os ex-deputados Eduardo Cunha, Rodrigo Rocha Loures e Henrique Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e os atuais ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.

 

Na cerimônia desta segunda-feira, ao lado de Dodge e Temer estavam a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia, os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM) e Eunício Oliveira (PMDB). Entre eles, somente Cármen Lúcia não é alvo de investigação.

 

Na mesa da cerimônia de posse de Raquel Dodge, apenas a presidente do STF Carmem Lúcia não é denunciada

 

Pizza novamente à vista

Analistas políticos e o próprio governo, já avaliam que a segunda denúncia contra Temer tem tudo para ser arquivada assim como ocorreu com a primeira. Segundo informações divulgadas na imprensa, Temer planeja receber pessoalmente os membros da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara para definir a estratégia contra o processo.

 

Na primeira denúncia, o governo atuou para trocar grande parte dos membros da CCJ que pudessem votar contra Temer. A descarada negociação em torno de cargos, verbas e emendas também já estaria a todo o vapor.

 

No dia 2 de agosto, o parecer do relator Paulo Abi-Ackel (PSDB), que era favorável a Temer e pela rejeição da denúncia, foi aprovado com o voto de 263 deputados. Outros 227 votaram para que a denúncia fosse aceita, 2 se abstiveram e 19 não compareceram.

 

Reforma da Previdência segue na pauta

O governo considera que as reviravoltas no cenário político nas últimas semanas – com o desgaste de Rodrigo Janot após o envolvimento do procurador Marcelo Miller e o cancelamento do acordo com os irmãos Batista, donos da JBS, são favoráveis a Temer, contudo, a nova denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) e uma eventual delação de Geddel Vieira, o homem dos R$ 51 milhões, podem agravar a crise política novamente.

 

Assim, governo e Câmara dos Deputados tem declarado que discutir a denúncia contra Temer é prioridade, mas paralelamente seguem defendendo a necessidade e urgência da aprovação da Reforma da Previdência. Em meio às articulações para barrar a denúncia, o governo cogita todas as hipóteses, como aprovar uma reforma da Previdência mais “enxuta” com apenas o estabelecimento da idade mínima.

 

“Já está mais do que comprovado que não podemos esperar nada desse Congresso tomado por corruptos. Eles estão atolados na corrupção até o pescoço, a crise não tem fim com denúncias e escândalos que surgem a cada dia, mas os ataques aos trabalhadores e ao povo não param. Por isso, não podemos baixar a guarda, pois eles podem manobrar e na calada da noite avançar com a Reforma da Previdência, fatiando os ataques. E mesmo que fosse só a idade mínima, isso é um brutal ataque, pois vai impedir a aposentadoria para toda uma geração de trabalhadores”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela.

 

“A única forma de dar um basta a essa bandalheira e por essa corja para fora é a mobilização dos trabalhadores e do povo pobre. No último dia 14, tivemos um importante dia nacional de lutas que envolveu metalúrgicos, petroleiros e servidores públicos, que deram o recado que não vão aceitar os ataques da Reforma Trabalhista e da lei da terceirização. A CSP-Conlutas faz um chamado às demais centrais para intensificarmos o processo de mobilização, rumo à construção de uma nova Greve Geral no país, para impedir a Reforma da Previdência e por para fora esse governo e Congresso de corruptos”, afirmou Barela.

 

 

Com informações El País e O Globo

 

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